quinta-feira, 23 de abril de 2009

Exodo Judeu de 1492 . A Senhora

Nasceu em Lisboa a 1510 Beatriz de Luna

Seus pais e avós tinham vindo para Portugal de Córdova, Al-Andaluz, quando em 1492 os judeus foram expulsos pelos Reis Católicos e porque D. João II os acolheu , tendo-os utilizado no povoamento de S Tomé; mais tarde, D. Manuel utilizá-los-ia para povoar o Brasil

D Manuel, que, apesar das pressões dos reis católicos, com cuja filha era casado, não expulsou os judeus, porque não queria prescindir do dinheiro dos banqueiros judeus.
Utilizando grandes baldes de água benta, baptizou em grupo todos os judeus, que pasaram a ser cristãos novos.

Beatriz, com 17 anos, casou com Francisco Mendes. Os Mendes eram os maiores banqueiros portugueses, dedicando-se igualmente ao comérco de especiairias e de pedras preciosas.

No mesmo dia em que casou Beatriz, casou também Carlos V com D Isabel, filha de D Manuel.

Carlos V é neto dos Reis Católicos, dado que é filho de Joana, a Louca, filha dos reis católicos, casada com Filipe, o Belo da Austria.
O pai de Carlos V era rei da Flandres
Aasim o Imperio de Carlos V, à partida, englobava a Austria, os Paises Baixos, a Espanha

Faltava-lhe a França para fazer o pleno.
Queria invadi-la, à França de Francisco I e precisava de dinheiro

Quando D João III instaurou a Inquisição em Portugal, com a consequente expulsão dos judeus, Carlos V promulgou uma lei que os acolhia, num ghetto, na capital do comércio europeu- Antuerpia.

Garantia assim o florecimento do comércio e o acesso ao dinheiro dos banqueiros judeus, entre os quais os Mendes.

Carlos V, foi Carlos I de Espanha e foi com o dinheiro dos judeus que comprou a coroa espanhola

Carlos I de Espanha teve de D Isabel de Portugal 7 filhos, mas o seu herdeiro era Filipe; Filipe II de Espanha, que viria a ser o I de Portugal...

Mas voltando a Beatriz de Luna. O marido morreu quando ela tinha 20 anos. Coincidencia, morreu precisamente no dia da instauração da Inquisição em Portugal. Beatriz assumiu o controlo dos negócios, e o da fuga dos Judeus...

Fez retirar do corpo do marido o coração, que guardou numa caixa, que sempre a acompanhava, pois era desejo de seu marido que o seu coração repousasse em terras judaicas

Fugindo à Inquisição, foi para Londres, onde abriu uma outra dependência da casa Mendes, que passou a ser o centro de acolhimento dos judeus que fugiam de Portugal, da Inquisição.

Aí lhes eram dadas rotas de fuga, as estradas mais seguras, os albergues cumplices, com apoios pelo caminho, até ao império otomano, onde reinava Solimão, o Magnífico, que não tinha pretensões de raça ou de sangue puro, com o tinham tido os reis catolicos e,agora, a inquisição.

Estas rotas eram chamadas, e ainda hoje o são, pelos judeus, os canais da Senhora

De Londres partiu para Antuerpia,dado que, beneficiando da lei de Carlos V, aí havia muito judeus a quem era neceesário dar apoio e preparar a fuga, isto porque ela não acreditava muito em Carlos V, sabendo que,apesar do seu fascinio por Erasmo de Roterdão e pelos humanistas, apesar da sua tolerancia para com Lutero, apesar de precisar do dinheiro dos judeus e a eles muito dever, mais cedo ou mais tarde, cederia às pressões da Inquisição, quer dizer, de Roma.

Com efeito, se de momento Carlos V estava ao lado de Henrique VIII, que acabava de se casar com Ana Bolena, e estava de costas voltadas para Roma, também era verdade que Francisco I de França se aliava a Solimão o Magnifico, para fazer frente à tentativa de anexação da França por Carlos V, ou seja, as alianças eram de interesses o que não a descansava quanto às leis futuras de Carlos V

Efectivamente pouco passou até Carlos V convocar "A Dieta", uma reunião magna de eclesiasticos e nobres visando a pacificação entre catolicos e reformadores luteranos, ou seja, queria ficar nas boas graças da cristandade e precisava de muito dinheiro para a realizar, por isso, embora os judeus começassem a ser mal vistos em Antuérpia, Carlos V, querendo salvar o dinheiro da família Mendes, negociou, através da sua irmã, Maria da Hungria, o casamento da filha de Beatriz de Luna com Francisco de Aragão, primo de Carlos V.
Beatriz recusou violentamente, o que significou o confiscar dos seus bens.
Era preciso sair de Antuerpia.


Beatriz foi para Veneza, onde desde 1516 os Judeus habitavam um gheto , apesar de desde 1497 haver uma lei, nunca cumprida, de expulsão dos judeus

Foi um dos membros da Casa Mendes falar directamente com Carlos V, em Ratisbona, tendo sido acordado que mediante o pagamento de 30 000 escudos de ouro, seriam libertos os bens e lavada da suspeição de judeu a família Mendes.

Ao regressar a Veneza, esse embaixador dos Mendes, confrontou-se com o facto de Beatriz estar presa. Tinha sido condenada pelo Conselho dos Dez, sob suspeita de judia

O embaixador deslocou-se então a Istambul, à corte de Solimão o Magnifico, oferecendo o estabelecimento do banco Mendes no imperio otomano, em troca da compra da liberdade de Beatriz

Em Istambul, ao ser apresentado a famílias judaicas que aí se tinham refugiado da Inquisição em Portugal, foi recebido com gramde ternura, dado tratar-se do sobrinho da Senhora.
Era assim que os judeus foragidos de Portugal nomeavam aquela que os tinha livrado da Inquisição.

Em Istambul habitava um outro judeu, este proveniente de Granada, que aí se fixara desde o tempo da Reconquista cristã do Al- Andaluz, que era o médico de Solimão, de seu nome Hamon.

Este judeu, enquanto médido do imperador, teria um importante papel nas negociações.
Assim, o sobrinho da Senhora, retornou a Veneza com uma carta de Solimão, solicitando a libertação de Beatriz e em troca prometia acabar com os actos de pirataria, que tinha a cobertura de Istambul, contra a Sereníssima.

O Conselho dos Dez acabava de promulgar uma lei de expulsão dos judeus de Veneza e Beatriz, em vez de ir directamente para Istambul, sabendo que na Europa o unico sítio onde ainda viviam judeus não ameaçados era em Ferrara, para lá se deslocou

Aí levou a cabo a tradução da Biblia de hebraico para o judaico-espanhol, dado que os cristãos novos não tinham acesso`ao seu livro sagrado por não saberem hebraico.
Por terem de demonstrar publicamente a sua conversão, mesmo que em privado a não praticassem, acabavam por saber mais do cristianismo que da sua propria religião, Assim surgiu a Biblia de Ferrara.

Foi ainda durante a estadia de Beatriz em Ferrara, que saíu a lei de expulsão dos judeus de Ferrara .

Beatriz, protegida pela carta de Solimão, o Magnifico, fez a lista dos seus acompanhantes. Inventou criadas e maridos, e foram às centenas os que com ela se evadiram da Europa.

O caminho a percorrer , dada a legalidade da sua viagem, poderia ter sido feito por mar, mas Beatriz quis seguir a rota de todos os judeus, por terra, atravessando os alpes..
Para além dos 50 carros que ocupavam todos os seus acompanhantes ( os seus bens seguiam por via maritima) levou mais alguns carros vazios, para o caso de, no percurso alguns se lhes juntarem

Em Salónica distribuiu tesouros e construiu uma Sinagoga que, ainda hoje, tem o seu nome.

Com a ascensão do Papa Paulo IV, que era Inquisidor Mor, a Inquisição teve mais gloriosos dias.

Foi proibido aos judeus comerciarem, construir casas, dar festas. Beatriz , com os seus capitães, ordens e dinheiro, conseguiu libertar 30 marranos

Marranos eram os judeus ibéricos, a palavra marrano signica em hebraico porcos, e era assim que eram chamados, desde que expulsos pelos reis catolicos.
A comunidade marrana instalada em Portuagl, tinha um outro nome -cristãos novos, dado que para salvar as suas vidas, fingiam ser crstãos mantendo as suas praticas privadamente.

O avanço da Inquisição , a feroz perseguição aos judeus, levou a Senhora a uma audiência com Solimão o Magnifico.

Queria ajuda para libertar os ricos comerciantes judeus, agora perseguidos por toda a Europa, que assim se instalariam no império otomano contribuindo para sua maior riqueza.

Solimão pensou que, com Caros V recolhido a um convento, com a divisão que do imperio fizera, ficando para Filipe , I a Espanha, e dando o Oriente do Imperio a seu irmão Fernando, a parte oriental do imperio estava fraca, o que lhe animava os seus interesses de voltar a conquistar Viena.. Achou por bem este pretexto, e decidiu-se a defenderos judeus, onde quer que estivessem

Os embaixadores, enviados ao Papa com esta solicitação , foram presos e a argumentação papal era de que os Judeus nada tinham a recear, mas, quanto aos cristãos-novos, aqueles que se tinham feito passar pelo que não eram, para esses não haveria indulgência, e Solimão desistiu.

Decidiu então A Senhora fazer bloqueio comercial. Toda a sua frota deixaria de aportar nos estados do Papa.
Esta iniciativa acabou por dividir profundamente a comunidade judaica, onde a distnção entre judeus e marranos foi acentuada e Beatriz saiu derrotada, acusada de fazer prevalecer os seus interesses comerciais, de só ter em conta as suas ambições politicas, de se querer assumir como poder espiritual de Israel.

No Imperio Otomano, a casa Mendes, foi detentora do monopólio do vinho e a Dona Gracia Nasi (nome judaico de Beatriz de Luna) foi dado um pedaço da Palestina, o Lago Tiberiade, para aí viverem os judeus.

Foi grande a oposição dos habitantes , que sentiram que lhes roubavam as terras e juraram que voltaria a ser dos árabes de novo.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Diaspora Judaica - Maimónides

a 1ª Diáspora Judaica

aconteceu no tempo de Nabuco, imperador da Babilónia, aquando da invasão de Judá. A invasão que destruiu Jerusalém fez também dos Judeus escravos deportados para a Babilónia. Estávamos em 58 ac e a maior parte dos Judeus dispersou-se .


a 2ª Diaspora Judaica ocorreu quando em 70 dc, os Romanos destruíram Jerusalém o que provoca nova dispersão dos Judeus para a Asia Menor e Sul da Europa
Alguns foram para Cordova, onde estabeleceram uma forte comunidade Judaica.
Foi aí que nasceu Maiomónides.


Córdova era governada por árabes, que oriundos do Deserto, se encantaram com a profusão de água do Al-Andaluz e aí fizeram um Califado rico em dinheiro e em cultura.
Córdova era a sua "capital", a sede do Califado, onde em tolerância, conviviam as comunidades judaica e arabe

Eram arabes da tribo dos Omiadas e Cordova, como todo o Al-andaluz foram a imagem do seculo de ouro da expansão arabe.

Os Omiadas eram sunitas, que tinham a oposição dos xiitas, os quais por esta altura, resultado da invasão dos Cruzados, se uniram e venciam os cristãos no Oriente e se dirigiam a Ocidente

Os sunitas são uma das 2 facções em que se dividiu o Islão logo após a morte de Maomé.

Os Sunitas, assim chamados porque "sunah" quer dizer em arabe a forma de conduta do Profeta, defendiam que a herança do Profeta devia ser levada cabo por consenso entre a sociedade civil e o lider religioso, ambos seguidores da forma de conduta de Maomé;

Os Chiitas defendiam que o lider espiritual devia governar todo o mundo arabe, e esse lider era o genro de Maomé.

No Al Andaluz, sob os omiadas, viviam agora em franco progresso e tolerância, comunidades judaicas, muçulmanas , cristãs e ciganas.

Aqui vivia Averróis, (1126-1198) sábio arabe, que gozava de enorme prestígio e, aos poucos,foi recheando a biblioteca de Cordova de toda o obra rara e de interesse para todos os ramos do saber
Maimonides foi seu discípulo e amigo


Na sequência da 2ª Diaspora, alguns judeus fixaram-se no Norte de Africa, tomaram o nome de sefarditas.

E não é só no Oriente que os árabes se unem em guerra santa contra a guerra santa desencadeada pelos cristãos;

No Norte de Africa, Abd al-Mumim , cuja vida decorreu entre 1130 e 1163, pretende a unificação de todos os muçulmanos do Ocidente contra a ameaça cristã ( Na Peninsula Iberica Afonso VI de Castela desencadeia uma expansão a que chama a Reconquista Cristã).

Abd al-Mumim era chiita, da tribo dos Almoadas. O seu fundamentalismo levou a que, na sequência da conquista do poder no Norte de Africa, os Judeus aí residentes tivessem de abandonar essa terra, pelo que muitos vieram para Cordova.

Só que, conquistado o Norte de Africa, Abd al Mumim decidia-se a virar a sua atenção para a Peninsula, dado ser aí que os Cristãos ( quer os Portugueses quer os Espanhois, agora unidos os reinos de Castela e Aragão, pelos Reis Católicos) estavam escorraçando os árabes e Cordova estava entre dois fogos, os Almoadas, chiitas, pouco tolerantes para com Judeus e a união de Castela e Aragão, que se uniam para decretar guerra aos infieis

É com a chegada de Abd al-Mumim que a biblioteca de Cordova é queimada,que o fundamentalismo leva à destruição da comunidade Judaica

Maimonides parte para o Norte de Africa e depois para a Galileia. Daí para Jerusalém, mas na época Jerusalém está nas mãos dos Cruzados que exercem uma exploração desenfreada e que fizeram da cidade um imenso bazar onde Deus era partido em pedaços para ser vendido a retalho conforme a procura, por isso pensou em ir para Alexandria.

No Egipto estavam no poder os Fatimidas que mantinham tolerância para com as comunidades Judaicas.

Os Fatimidas são xiitas, mas em vez de seguidores do genro doMaomé, incorporam os descendentes de Fatima - a filha do Profeta.

Coincidente com a sua chegada a Alexandria, chega também Saladino - era um sunita, da dinastia curda dos Ayyubidas e conseguiu a união de todo o mundo islâmico contra a invasão dos Cruzados, que o levou em 1189 a conquistar Jerusalém aos Cristãos

Saladino pretendeu dar a Judeia aos Judeus (pretendendo dar o governo desse reino a Maimonides) para aí fazer uma zona tampão contra as investidas cristãs

A vida do Judeu Maimónides decorreu entre 1135 e 1204

Maimonides tem actualmente uma estátua na Judiaria de Cordova