domingo, 22 de março de 2009

As Cruzadas

1095

A conquista de Jerusalém ( Iheru-Shalom) pelos Turcos, levou ao pedido de ajuda do Imperador e Patriarca da Igreja Bizantina (Aleixo) ao Papa (Urbano II)

Há cerca de 40 anos atrás, o Grande Cisma do Ocidente levara à ruptura da Igreja Bizantina, com sede em Constantinopla, face à Igreja Romana. Queriam independência face a Roma, tendo como pretexto a sua oposição à opulência da Igreja Ocidental e a sua vocação política.

Agora, face à ameaça Islâmica, Aleixo . o chefe da Igreja Bizantina, propõe a união das 2 Igrejas em troca da unidade da Europa contra o Islão.

É convocado o Concilio de Piacenza e foi acordada a proposta de Aleixo, juntos combateriam, sob o comando Ocidental.

Nesse mesmo ano, e para dar bom seguimento à proposta aprovada no Concílio de Piacenza, Urbano II convoca o Concílio de Clermont. Este tinha como o objectivo unificar a Cristandade Ocidental sobre a autoridade de Roma.

Com efeito, não raras foram as situações de existência de 2 Papas no Ocidente, apoiados por diferentes poderes políticos (França/Itália versus Germania.

Este Concílio apelou à Guerra Santa e ofereceu indulgência para os crimes que se iriam cometer, o que acabou por ter a forma de uma indulgência total sobre todos os pecados dos participantes, não só os que iriam cometer durante a guerra, como sobre todos os seus pecados individuais.

1096

Os Cristãos levantaram-se em defesa da Cidade Santa.

Armada apenas de boa vontade, a Cruzada do Povo, dirigida por Pedro, o Eremita, foi um fracasso.

A 1ª Cruzada - a Cruzada dos Barões - partiu de Montpellier,chefiada militarmente por Lord Raymond de Saint-Giles, conde de Toulousse, sendo comandada por Adhémar, bispo de Puy, enquanto legado do Papa.

Roger, da vila de Lunel, é um duque francês, vassalo de Lord Raymond, que decide começar a escrever o seu diário no dia em que decide integrar a Cruzada.

Roger vive perturbado pela luxúria. Integra a Cruzada para alcançar a remissão do pecado.
Quer libertar-se do desejo que sente pela sua mulher. Incapaz de dominar o desejo por ela, possuiu-a quando ela era ainda casada.
O facto de o marido posteriormente se ter suicidado, só lhe veio aumentar a culpa, até porque, confessa, esse mesmo facto, lhe estimula a luxúria.
O marido daquela que é agora sua mulher também gostava de homens e ele sente-se horrorizado com as praticas homossexuais, a que a mulher assistia, mas pede-lhe repetidamente para as relatar e tira disso prazer, o que lhe aumenta o sentimento de culpa.
Assume não ser suficientemente corajoso para repudiar a mulher que o faz consumir em desejo, por isso afasta-se dela através da Cruzada.

Ainda em Montpellier, Roger escandaliza-se ao assistir a uma acesa discussão entre Lord Raymond e o Bispo Adhémar, facto que a sua inocência não julgaria possível. Lord Raymond acusava o Bispo de ter enriquecido com a expedição, pois tinha levado os homens a vender-lhe as terras para poderem pagar as armas.

Ainda em França, Roger envergonha-se com o comportamento dos Normandos: pilham e violam durante o dia, entoam canções obscenas durante a noite.

Mas, em San Remo, os Normandos fazem justiça ao seu sangue Viking, violam e chacinam tudo o que encontram. A cidade ficou em estado de choque e as mulheres fugiam de todos os que tivessem uma Cruz na capa.

Durante a caminhada, Roger, chocado com o já visto, choca-se ainda ao constatar que os camponeses que integram a Cruzada, urinam e defecam enquanto marcham.

Chegados a Genova, recebem uma missiva papal.
O Papa pedia-lhes para fazerem um desvio a Lucca, cidade do interior onde estava, desde que o Vaticano fora ocupado pelo anti-Papa (Guiberto de Ravena, com o apoio de Henrique IV da Alemanha). O que Urbano II queria dos Cruzados era a utilização do exército para escorraçar Guiberto.

Roger questiona-se sobre a função da Cruzada, de peão e joguete da Igreja.
Questiona-se sobre a proibição divina de fazer derramar sangue e o derramamento de sangue que lhes pedem.
É claro que o Bispo lhe explica que só contra os Cristãos é que um soldado de Cristo está proibido de combater, contra os Turcos pode fazê-lo, dado que os Turcos não têm sangue de Cristo, mas sim de Satanás, pelo que estarão a limpar o mundo se o fizerem.
Mas Roger questiona-se: quem criou os Turcos? Se foram criados por Deus devem ter o seu sangue... Para além de que o que o Papa lhes está a pedir é que derramem sangue cristão em Roma...

Na Basílica de S Pedro, durante a missa, o sangue foi derramado e Roger passou a frequentar o acampamento dos Normandos..., encheu-se de vinho e de mulheres...

No Diário não o diz e eu não sei quem ganhou, nem se , fruto dessa batalha dentro da Basílica, Urbano II voltou ou não ao Vaticano, mas a Cruzada foi em seu nome, pelo que deveria ter conseguido alcançar de novo o poder do Vaticano, derrotando o outro Papa, ficando assim unificado o poder central sobre a Cruzada.

O que ele relata é a estadia de 5 meses em Brindisi, de onde, devido à falta de vento, não puderam seguir viagem.

Para se sustentar, a si e aos seus vassalos, trabalhou para um Judeu.
Chamava-se Mordecai. Era comerciante, "banqueiro", "agente de seguros". Com ele tem longas conversas sobre religião e fica perplexo com a bondade de um "infiel" e com a opinião do Judeu de que os Cristãos são belicosos.

Só em Abril, sete meses após a partida de Montpellier, chegam à Grecia.

São recebido, no maior dos faustos, pelo irmão do Imperador, que lhes dá conta das outras colunas de cruzados que se dirigem a Constantinopla: Godofredo de Bouillon , Robert da Flandres, Duque Robert da Normandia e promete-lhes protecção até Constantinopla

Na travessia da Macedónia foram violentamente assaltados a Roger fica perplexo quando se descobre que os assaltaram a soldo do irmão do Imperador...

É na Bulgária que se lembra do Judeu de Brindisi, da sua opinião sobre o serem belicosos os Cristãos . Aqui a população foge dos Cristãos como da maldição. Abandonam as aldeias e matam os que não podem fugir, pois tudo é preferível a ser assassinados pelos Cristãos.

Posteriormente, em consequência de um assalto, o Bispo Adhémar ficou às portas da morte.
O Bispo chamou-o, a ele, Roger.
Queria, antes de morrer cumprir a penitência que há uns anos um padre lhe tinha ordenado : pedir perdão a Roger. Há 30 anos atrás apaixonara-se pela mãe de Roger, mas ela preferiu o pai de Roger. Isso levou-o à vida eclesiástica. Quando o pai Roger morreu, vingou.se e fez com a mãe de Roger e os seus filhos ficassem sem os bens.
Adhémar contou-lhe também que o conhecia muito bem, dado que o padre René ( o confessor de Roger) lhe contava a confissão.

Roger passou mais uns dias com os Normandos... afogado em vinho e na certeza de que nao era santo um homem que tanto mal lhe fizera, a si e aos seus irmãos, em nome do amor pela mãe e na certeza de que tinha de ter cuidado com o teor das suas confissões , o que apenas fazia subir o valor do seu Diário.

Mas, haveria mais... Em Rousa, aldeia que lhes recusou provisões, pilhram e mataram, saqueram, destruiram tudo, ou seja, pensava, tinha saido de casa para se santificar, e até à data só se tinha decepcionado e derramado sangue cristão

Chegados a Constantinopla, ficou deslumbrado com a inovação dos orientais : chuveiro e sabão.

Todas as colunas de cruzados foram recebidas pelo Imperador.
A reunião discutia a proposta de Aleixo, segundo a qual ele protegeria e sustentaria o exército e em troca as cidades conquistadas seriam do Imperio Bizantino.

Raymon de Saint Giles recusou, pois como vassalo do Papa (facção francesa) o que conquistassem seria de Roma.
Roger dá aqui conta das divisões no seio dos nobres ocidentais, e, porque se colocou ao lado do seu senhor, dá conta da ambição de Godofredo, de Balduino da Bolonha, de Tancredo, dos nobres germânicos em geral, de quem tem má opinião, porque correram com os Judeus do seu país.

O acordo acaba por ser feito... aofim ao cabo o que Aleixo lhes oferece é imprescindível... precisam de protecção e de comida, mas nenhum está no seu intimo disposro a honrar o compromisso, todos afirmam que quanto ao resto, logo se vê!

Agora com as colunas juntas, tomou contacto com os Escoceses, que dizem que a sujidade prende a alma e protege do mal; com os Galeses que comem carne crua e bebem urina dos cães.

Relata a conquista de Niceia; o encontro do campo onde jaziam, a céu aberto, os milhares de cadáveres dos peregrinos da Cruzada do Povo, chacinados pelos Turcos; a travessia do Deserto do Sal, que os leva, para além da morte de muitos, a beber o sangue dos animais que vão morrendo e a sua propria urina.

E questiona-se sobre o valor da oração. Turcos e Cristãos pedem ambos, ao mesmo Deus, a vitória.
Pensa igualmente na incongruência de se dever sentir virtuoso por não ter sexo e não se dever sentir infame por estar encharcado em sangue humano.

As divisões internas acendem-se.
Depois de Cesareia, Balduino abandona a Cruzada. Fez-se adoptar como filho do rei de Edessa e, depois de o assassinar, proclamou-se rei de Edess.

A caminho de Antioquia, encontraram a comunidade dos Discípulos de S Paulo. Vivem de olhoss vendados, em imitação da cegueira de S Paulo, não permitem fêmeas na sua comunidade - até os insectos, depois de identificados, são mortos de forem fêmeas e a sua oração compõe de cânticos que entoam enquanto se masturbam.

1097

Antioquia é inexpugnável

Bohemundo, Raymond, Godofredo, discutem como conquistar a cidade. Agudizam-se as rivalidades; todos querem a possessão da cidade após a conquista.

Godofredo acabou por conseguir a liderança e decidem o Cerco.

Há fome no exército. Vão a Chipre, onde estava refugiado o Patriarca Grego de Jerusalém (Simeão) para com ele negociarem provisões. Em troca prescindem da possessão da Cidade Santa e oferecem-lhe o retorno ao seu trono, em Jerusalém, embora sujeito à autoridade do Papa, em Roma.

O Patriarca oferece-lhes provisões, mas em troca será dele a autoridade espiritual sobre a Cruzada, terá o poder de excomungar qualquer membro da peregrinação, será ele a dispôr das conquistas que vierem a a fazer e será dele a autoridade espiritual sobre Jerusalém. E assim acordam.

1098

Em Março chega, de Constantinopla, a frota inglesa com engenhos de cerco.

Chega também, mas do Egipto, a Grão Vizir, al-Afdal, o Magnífico, enquanto emissário do rei al- Mustali : é-lhes proposto a aprovisionamento do exército, em troca da entrega ao Egipto da parte Sul da Síria - que incluía Jerusalém, pelo que não aceitaram.

Entretanto sabe-se que os Muçulmanos se estão a juntar, sob o comando do sultão Ker-boga da Mesopotâmia.

Em Maio, com a proximidade de Ker-boga, discutem quem chefiará a retirada.

Verificam-se tantas deserções que o Bispo se vê obrigado a ameaçar com a excomunhão qualquer desertor.
Bohemundo tem outra alternativa :tomar a cidade de Antioquia antes que o exército muçulmano chegue.Como? Comprando um guarda no interior das muralhes. E o primeiro a entrar será o rei de Antioquia.

Concordam, e, com o ouro de Lord Raymond, compram a cumplicidade de Friouz; um esquadrão composto por vassalos de cada um dos senhores feudais sobe a escada lançada pelo Turco e entra na cidade, abrindo as portas aos Cruzados.

Assassínios, violações, pilhagens, saques, a queima dos cadáveres que empestavam as ruas provoca incendios, mas são os donos da cidade. Quem? Bohemundo foi o 1º a entrar, mas o ouro (que reaveram, pois a mortandade não salvou Friouz) era de Raymond e os dois disputaram a cidade, cada um lutando pelos bairros que controla.

Nenhum dos dois quer abrir mão de Antioquia, o exército, para além de descontente com a guerra civil, passa suficiente fome para comer os animais mortos.

Entretanto o Egipto conquista Jerusalém aos Turcos

Lord Raymond e Bohemundo defrontam-se em Ma-arat, cidade que ficou completamente destruída, com a derrota do 1º

Definida deste modo a posse de Antioquia por Bohemundo, rumam a Jerusalém, em Janeiro de 1099

Pelo caminho montam cerco à cidade de Arqa. è um cerco confortavel, onde não falta comida, mas estão descontentes pois aquele cerco apenas serve a ambição de Lord Raymond, que quer esquecer a sua derrota em Antioquia...

Mas, Jerusalém já não está na posse dos Turcos , e o Egipto propõe-lhes a suspensão da expedição guerreira, e em troca abrirão a Cidade Santa à peregrinações. Raymond não aceita. Tancredo acusa-o de se comportar como um conquistador.

Na Quaresma de 1099, Roger é outro que aquele que há 3 anos saiu da sua terra. A sua fidelidade para com o seu senhor é agora capaz de incorporar a ideia de que não está a agir bem; quanto à religião, não acredita que vá para o Céu um Cristão que mata um Turco inocente, nem que este último vá para o Inferno; quanto aos homens..., ri das razões pueris que há 3 anos o levaram a ingressar na Cruzada, ele, para quem hoje o acto de matar é feito de cabeça e de alma vazia. Tudo o que acreditava se tinha esvaído...

Olhou Jerusalém... 3 anos. mil léguas. 20 000 mortos
E conquistaram Jerusalém. A entrada dos Cruzados na cidade foi o que se esperava: mataram tudo o que se mexia.
Cansado, visitou o Santo Sepulcro. Estava vazio, como ele próprio. E perguntou-se porque viera de tão longe e tanto sofrera. Vencido pela cansaço, adormeceu lá dentro, para no dia seguinte verificar que a matança continuava, mesmo das pessoas nas suas próprias casas, quer fossem Cristãos, Muçulmanos ou Judeus; queimaram todas as mesquitas e sinagogas e o rei de Jerusalém era Godofredo de Bouillon.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Roma

Acabo de ler um livro, no cenário da Roma pós-republicana, ou seja na Roma Imperial, pós morte de Augusto.

É um livro muito rico, mas não vou preocupar-me com a história de Roma, antes com pormenores que me prenderam a atenção.

O valor da vida.

Mais alto que o valor da vida, parece falar o valor da honra, da dignidade. O suicídio é frequente, pelo menos na nobreza romana, em homens e em mulheres, ou por doença, evitando a indignidade do sofrimento sem esperança, ou por antecipação ao anunciado assassinato, evitando a indignidade de demonstrar que não eram suficientemente corajosos para o fazer, entregando-se cobardemente nas mãos dos seus carrascos.

O assassínio.

É espantoso. Pelo menos nesta altura da historia de Roma.
Altura em que, assassinado, morreu Júlio Cesar, (E ele foi assassinado por, depois de ter provado ser um dos maiores generais da história, não pretender seguir o rumo republicano e defender um poder mais centralizado em si próprio para governar tamanho império).
Altura em que, assassinado, morreu Augusto ( este por razões menos ideológicas: foi assassinado por Lívia, sua mulher, que impedia assim que Augusto nomeasse como seu herdeiro o seu proprio filho e não Tibério, filho de Lívia)

Dado o mote por Lívia, nestes anos libertou-se uma qualquer fúria assassina. Não havendo um homem superior, nenhum chefe carismático como o foram Cesar ou Augusto, a luta pelo poder , não se restringiu às famílias mais poderosas, as que descendiam directamente de Julio Cesar/ Marco António/Augusto,mas igualmente a todos os que os apoiavam, e também a todo aquele que demonstrava ter hipóteses de lutar pelo poder.

Esta luta, fez digladiarem-se até à morte, através de envenenamentos e assassinatos politicos, fez perder todos os seus melhores membros, quer aqueles que estariam em condições de lutar pelo poder ou de a ele ascenderem dadas as suas origens, quer aos seus aliados.

Ficaram os loucos, os mediocres (como Caligula ou Claudio, este último assassinado por sua mulher, Agripina, que impedia assim que Claudio nomeasse como seu herdeiro o seu proprio filho e não Nero, filho de Agripina) o que não os impediu de ser imperadores, dado o sangue que lhes corria nas veias serem ou dos Cláudios ou dos Júlios .

Foi dramática, esta instituição de um regime tipo monárquico. Não era exactamente uma monarquia, porque, para além dos descendentes naturais, podia mudar-se de família atavés de adopções à la carte, de casamentos ou divórcios igualmente à la carte... As intrigas eram ferozes.

Inútil, portanto, a morte de Cesar...

Não foi instaurada a República e acabou, até à ultima gota de sangue, a raça de 2 famílias inteiras (Os Julios e os Cláudios) e seus aliados, ou seja, toda a Roma Antiga, aquela que fez e organizou o Imperio

A superstição.

É curioso. Alexandre, Júlio César, Vercingectorix ( apesar de Celta, apesar da cultura mística dos Druidas) não tenho conhecimento de serem supersticiosos, mas Augusto era e também o foram todos os Imperadores desta fase de "destruição".

A divindade.

Curiosa é também a noção de divindade. Augusto depois da sua morte foi divinizado, assim como hoje o Papa santifica alguém que se destaca pelos seus méritos, até aqui tudo bem,
Apresentava como mérito o Seculo de Augusto.

Mas Lívia, pediu para ser divinizada... Porque tinha cometido muitos crimes, na sua feroz luta pelo poder, e não queria sofrer os horrores do Inferno. Assim, como os deuses cometiam toda a espécie de crimes e eram imortais e livres de maiores tormentas, ela pediu para que o Senado a divinizasse... Só o desespero pode explicar isto. De uma mente superior, que o era, como poderia pensar que uma lei do Senado Romano teria efeitos no Além? É curioso. As pessoas acreditam no que querem, no que precisam.

A moda de divinizar imperadores, começou com Augusto e terminou com o fim do ultimo representante das famílias dos Claudios ou dos Julios, o que me sugere necessidade, por parte do Senado, de agradar aos representantes dessas famílias, afastando-se assim da possibilidade de fazer parte das listas dos "a abater"


As profecias do Messias.

Nos últimos anos do "reinado" de Augusto chegaram a Roma, através de Herodes, sobrinho de Herodes, o Grande, as notícias de que, segundo as profecias judaicas, o tempo era o da vinda de um Messias.

A primeira "vítima" foi Lívia : gostou de acreditar ser ela o Messias. A segunda foi Caligula, que levou mais longe a sua crença, exigindo de todos o reconhecimento da sua condição de Messias. A terceira foi o próprio Herodes, o sobrinho de Herodes o Grande, que, alimentado pela Fé de ser ele o Messias, lutou pela união da parte oriental do Imperio, que passaria a ficar unido segundo as leis judaicas, contra o poder de Roma.

Segundo escritos da família imperial, Antónia, filha de Marco António, e portanto herdeira dos reinos orientais do Império, soube que o procurador da Judeia, (os Judeus eram um povo intolerante e fanático), teve de aplicar o castigo maximo, a cruxificação, a "um pobre sedioso que fora apanhado nos meandros das intrigas politicas do Templo, do Sinédrio e nas lutas fratricidas entre Zelotas, Saduceus e Fariseus". Poncio Pilatos teria sido levado à execução do castigo, dado que os Judeus ameaçaram denunciá-lo a Roma caso o não fizesse

A tolerancia religiosa.

Os Romanos foram tolerantes para com os deuses Gregos, Egipcios, Germanos, Persas, etc, etc, todos eles de caracter semelhante aos seus proprios deuses, sendo até assimilados pela sua cultura.

A 1ª manifestação de intolerância foi, tanto quanto sei, face aos Druidas.
Foram proibidos, dada a influência que tinham sobre os Celtas/Gauleses, apelando à resistência aos invasores, em defesa do seu territorio e da sua forma de vida., resistindo à invasão, à submissão a Roma, à Romanização.

Quanto aos Judeus, a sua intolerancia, segundo este livro, deve-se ao caracter "estranho" do seu Deus , que tornava impossivel a sua compreensão pela mentalidade Romana, que lhes tornava impossivel a assimilação, quer da religião, quer dos preceitos de vida dos Judeus, os quais , do alto da sua Fé em ser o povo eleito, resistiam à Romanização.

Quanto aos Cristãos, que começaram a aparecer em Roma pelo reinado de Cláudio, eram tidos como uma seita fanática.
Porque, mais tarde, foram torturados os Cristãos e nunca foram torturados os Judeus, isso não sei, pois o periodo que o livro abrange não chega a esses tempos.


Retirado da Wikipédia, aqui está um texto que procura responder à questão:
O primeiro caso documentado de perseguição aos cristãos pelo Império Romano relaciona-se a Nero. Em 64, houve um grande incêndio em Roma, destruindo grandes partes da cidade e devastando economicamente a população romana. Nero, cuja sanidade já há muito tempo havia sido posta em questão, era o suspeito de ter intencionalmente ateado fogo. Em seus Annales, Tácito afirma que "para se ver livre do boato, Nero prendeu os culpados e infligiu as mais requintadas torturas em uma classe odiada por suas abominações, chamada cristãos pelo populacho"[1].
Ao associar os cristãos ao terrível incêndio, Nero aumentou ainda mais a suspeita pública já existente e, pode-se dizer, exacerbou as hostilidades contra eles por todo o Império Romano"


Só não responde ao porquê de , perante o povo romano, terem tão má fama os cristãos...

segunda-feira, 9 de março de 2009

Alexandre

Longe vai já a Guerra de Troia, o tempo mítico dos heróis, filhos dos deuses. Agora, comovida pela leitura de um livro sobre Alexandre, passado pois o tempo de construção da bela, e a meus olhos clara, civilização Grega, vivi atraves de um livro a aventura de Alexandre, o início do que se convencionou chamar a época helenistica, aquela em que o legado da Helade, (grecia), foi espalhado pelo mundo então conhecido.

Não sei ao certo se o que pretendia Alexandre era espalhar a cultura grega, como nos dizem no Liceu, penso que simplesmente o acabou por fazer, dado ter estado tanto tempo fora de casa com tantos milhares de macedónios.

Os Macedónios foram os conquistadores da Grécia já decadente, mas, fascinados com a sua cultura, levaram consigo o seu modo de vida.

O que sei é que Alexandre era um homem brilhante e superiormente inteligente. Extraordinário general, dominava os homens fazendo-se amar por eles, sabia como lhes alimentar, individualmente, a auto estima, e, colectivamente, como levá-los à disciplina, ao orgulho de si próprios, à glória ; como estratega, deveria ser excelente, dada a sua invencibilidade.

Mas o que o teria levado a sair de casa para a conquista da Asia não teria sido o desejo de espalhar a cultura grega.

A Macedónia da altura dominou a Grecia, pela mão de Filipe da Macedonia (pai de Alexandre).

A Alexandre vejo-o mais como um aventureiro, um conquistador, um jovem fascinado pelos herois homericos, sobretudo Aquiles. Um jovem que nunca pensou outra coisa senão imortalizar-se enquanto guerreiro. Acreditava ser protegido por Hercules (Heracles, segundo os gregos) e venerou a lenda da Aquiles e tornou-se, ainda com 18 anos, quando foi feito General, titulo obtido brilhantemente, ele proprio uma lenda viva .

Ainda não tinha 20 anos - brilhante e carismático, e como jovem, cheio de entusiasmo e Fé em conhecer tudo o que era mundo.

Achava, tal como todos na altura, que o Mediterraneo, o Mar do Meio, era o centro do mundo, conhecia-se a Ibéria, pelos mercadores Fenicios, sabia-se que a Ibéria terminava no Oceano. O Oceano era o Oceano envolvente, o que envolvia o Mundo, (E quando o encontraram , nas costas da Asia, ficaram surpreendidos por ele "desaparecer" e voltar a aparecer mais tarde, tendo sabido que o fazia 2 vezes ao dia. Um mistério, as marés...) A Leste, era a Índia o limite.

É claro que conheciam as sedas da China, mas achavam que a China ficava na India. Havia mercadores que vinham da China com os seus produtos, mas como vinham por terra, a ideia que se tinha era um pouco essa.

Ele queria conquistar, digamos conhecer,( - de tudo o que encontrava de novidade, no reino da natureza, enviava amostras a Aristóteles, seu professor) o mundo inteiro;

Brilhou no Império Persa, na India e no Egipto. Para mais a vida não chegou. Morreu com pouco mais de 30 anos.

O seu herói de adolescente era Ciro, rei da Persia. Queria fazer mais que ele. Na Persia ficou fascinado com uma civilização de um requinte a que na Helade não se estava acostumado. Pensadores na Persia não haveria,talvez, havia os astrologos e tudo o que precisasse de resposta estava escrito no céu, mas viviam num requintadíssimo luxo, que fazia dos Macedónios uns "barbaros".
Rendeu-se a esta cultura e casou e fez casar os seus oficiais com mulheres persas.

Ficou fascinado com o Egipto - onde foi deificado, no templo de Amon.

Ficou fascinado com a India, com os seus Sadus nus, vivendo de meditação, - levou um consigo, com quem muito falava e a quem honrou na vida e na morte.

Tanta coisa para fazer... dizia ao saber-se a morrer. Penso que era assim uma espécie de explorador, queria conhecer, queria ver o mundo inteiro.

A civilização grega não ficou com raízes em nenhum destes sítios. è claro que edificou cidades ( a 1ª Alexandronopolis fundou-a com 17 anos) , é claro que organizava Jogos de cariz grego para manter os homens ocupados, em tempos mais parados, mandando vir bons actores e artistas da Grecia, e fomentando o treino de diversas actividades físicas, com vista à competição.

As decisões no exército eram tomadas em Assembleia, a resolução dos conflitos também, tal como numa ágora gigante.

Mas os Persas, os Indianos e os Egipcios, mantiveram-se enquanto tal.
Aliás ele respeitou e admirou cada uma das civilizações, tornando-se até permeável às influências que mais o cativaram, não tenho notícia de que pretendesse helenizar.
Ele era Macedónio... E o fascínio e respeito que tinha pela cultura Grega, era o fascínio e respeito que tinha pela cultura Persa. Egipcia ou Indiana. Não sei porque é que no Liceu nos dizem isso...

É claro que estamos longe ainda do exército romano, mas o exército de Alexandre era também rápido, excelentemente organizado. o exército não eram apenas os combatentes ,eram também os não combatentes, que lhes faziam a comida e providenciavam os mantimentos. .

Mas, comparativamente com o exército persa - que levava atrás de si , quer o rei, quer os nobres, tudo aquilo que tinham e a que estavam habituados, desde o harém, até às jóias e que mantinham o meu estilo requintado de vida, o exercito de Alexandre era rápido e funcional.

A homosexualidade era coisa comum na Grécia e na Macedónia, fosse pelas mulheres fechadas no gineceu - tal como as persas no harem - ou não, o facto é que era comum.

Aquiles e Patrocolo eram amantes, Ulisses teve também o seu amante durante os 10 anos da guerra de troia, Na Macedonia, pelo menos o seu pai Filipe, tinha sempre um favorito. Na Persia, era igualmente frequente. Os reis, para além das mulheres do harém, tinham também os seus favoritos, homens, normalmente eunucos. Dario, aquele que fugiu de Alexandre, deixando atras, à mercê do inimigo, a mãe, mulher e filhas, tinha um favorito- Bagoas.

Alexandre teve em Hefestion, o amigo que com ele cresceu desde a infancia, o jovem que partilhou com ele a visita aos cadáveres dos 1ºs homens que matou, um companheiro de armas e o amigo intimo de todas as horas, o unico homem que o tratava lealmente de igual para igual, o único que tinha poder sobre ele, o amante. À sua morte, Alexandre "enlouqueceu". e sobreviveu-lhe 3 meses... (Com quem e para quem conquistaria o mundo?)

Mas se o sentimento forte entre os 2 me inspirou compreensão e respeito, a ligação de Bagoas, o eunuco persa, fez-me comover. Um sentimento puro de um requintado jovem, inteligente e extraordinariamente sensível, ( tal como Alexandre ele próprio) completa e devotadamente apaixonado, uma devoção total, constante para com Alexandre.

Depois da morte de Alexandre, verificou-se que afinal há homens insubstituíveis.
Nenhum foi suficiente forte para continuar o já feito, não havia quem tivesse o seu carisma, o seu fogo divino.
Havia homens valorosos, cada um quis para si o lugar cimeiro, mas há lugares que não são para quem quer, antes para quem pode. Nenhum o pode, e vigoraram as lutas intestinas, até à morte, raramente acidental, de todos.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Druídas

A Ordem dos Sábios tinha 3 ramos.

Os bardos eram os historiadores da tribo.
Os vates ( de onde provém a palavra vaticinio) eram os seus adivinhos.
Os druídas eram os pensadores, interpretes da lei, os que curavam doentes, os guardiões dos mistérios da magia.

A principal obrigação dos druídas era manter o Homem, a Terra e o Outro Mundo em harmonia. Na sua qualidade de herdeiros de mil anos de sabedoria tribal, sabiam como manter o equilíbrio.

O bosque sagrado de carvalhos era o centro da rede de druídas, ( os bosques vivos eram os templos dos gauleses, porque os lugares sagrados não são escolhidos pelo Homem, são-lhe revelados.)
O bosque sagrado de carvalhos ficava na margem do rio Autara, afluente do Liger, o qual atravessava a terra da tribo dos carnutos, onde hoje se ergue a Catedral de Chartres.

Os Druidas para recuperar o equílibrio, podiam mesmo fazer poderosos e secretos rituais com vista à própria alteração do curso das estações.

Ao fim de um Inverno demasiado prolongado, os druídas dos carnutos levaram a cabo um novo ritual para desenredar as estações.
Claro que se estavam enredadas as estações, isso se devia a algum desiquilíbrio.
Implorando o auxílio do Outro Mundo para que os ajudasse a corrigi-lo, ofereceram ao Outro Mundo a pessoa mais idosa e reverenciada da tribo.
A sacrificada tomou o Inverno dentro de si, através de uma bebida. Assim mostraria ao Inverno como se morre para que a Primavera pudesse nascer.
Foi um ritual cheio de êxito. Na manhã seguinte à madrugada do ritual o Sol apareceu, embora só na tribo dos carnutos,onde o ritual tinha tido lugar.

Ainvar, apesar da proibição, não se conseguiu impedir de ir ver o ritual. Foi assim que viu morrer a sua avó, a sua única fonte de afecto. A sua dor foi tamanha, que largou do esconderijo e se foi abraçar à defunta. E ela voltou à vida por breves instantes.
Este episódio teve 2 consequências : Ainvar , que provara ser dotado de poderes mentais, por trazer à vida a sua avó, foi objecto de ensino por parte do supremo druída, com quem passou a viver e, como 2ª consequência, dado o estrondoso êxito do ritual, alguns jovens de outras tribos foram confiados aos Carnutos, para a iniciação na idade adulta. Entre eles vinha Vercingetorix.

A iniciação à idade adulta, ocorria após a sobrevivência a 15 invernos, assim, em Beltane ( dia do solstício de verão) daquele ano, Ainvar e Vercingetorix, para além de muitos outros, submeteram-se aos rituais.
Purificados por dentro e por fora, depois de uma noite de vigília, nus, sob as estrelas, um ritual de resistência à dor e de capacidade de vencer o medo, no dia seguinte, em grupos de 3, dois deles levavam um outro nos braços e assim saltavam uma larga cova onde havia uma fogueira (em Portugal, ainda há pouco,havia a tradição de saltar à fogueira, nos dias próximos ao solstício de Verão, comemorado enquanto dia do patrono de cada cidade - Sto António, s João, S Pedro) .
Ainvar e Vercingetorix, duas vontades que, desde que se conheceram, não pararam de se testar, fizeram equipa. O facto de a prova lhes ter revelado a perfeição dos seus esforços conjuntos, fez com que em ambos ficasse a imagem de um momento glorioso e ficaram amigos, apesar de, por não pertencerem à mesma tribo, se terem separado desde então.

É que havia muitas tribos gaulesas... Chegados à Gália, os Celtas que vieram do Leste, para fugir à fome, tomaram o nome de Gauleses. Dividiam-se em mais de 60 tribos, como os carnutos, os sénones, os parisii (parisienses) ( as mulheres dos parisii tinham fama de ser bonitas) , os bitúriges, os arvénios, os éduos. Estas tribos tinham como ponto comum o prazer de lutar umas contra as outras, para demonstrar a sua virilidade.


Quando Ainvar nasceu, a vidente viu nele augúrios de talento que seriam beneficos para a tribo e que implicariam uma longa viagem. Deram-lhe por isso o nome de Ainvar " aquele que viaja para longe"
Vercingetorix, da tribo dos arvénios, deve o seu nome à vidente da sua tribo, que lhe augurou o poder, e o seu nome significa "rei do mundo".

Nantorus, rei dos carnutos veio pessoalmente felicitar os druidas pelo exito do novo ritual e foi assim que conheceu Ainvar e concluiu que, apesar de filho de guerreiro, a classe mais alta dos gauleses, Ainvar, que muito o impressionou, só poderia vir a ser druida.
Druida significa " ter o conhecimento do carvalho"

Os Gregos chamavam às artes druidicas "ciencias naturais" e aos druidas "filosofos" Os Gregos compreendiam os Druidas melhor que os Romanos. Para estes os druidas eram sacerdotes.

Para os Druidas, o padrão da existência estende-se ininterruptamente a todos os seres; está constantemente em movimento, ligando-nos na vida e na morte à Fonte de todos os Seres
Os que, intuitivamente, seguem o padrão, tal como ele se aplica a cada um, parecem ter sorte, pois estão, sem saber, a recorrer às forças da criação, estão em contacto com as forças que influenciam os acontecimentos.
È esse o objectivo de cada druida - reconhecer o seu padrão e fazê-lo reconhecer a cada um dos membros da sua tribo
Para tanto aprendem a escutar as arvores, sem prestar atenção às exigências das articulações ou dos músculos, para delas receberem a sabedoria da sua idade, a energia que absorvem e libertam.

Há locais especiais onde a força vital é intensa - os bosques sagrados

Aí se relizavam os poderosos rituais como o do sexo.
Adicionando a energia de um jovem macho ao poder do local e aos cânticos dos restantes druidas, lançando a energia combinada sobre, por exemplo, os guerreiros que lá longe combatiam, acontecerá que esses guerreros lutarão com uma força que nem sabiam possuir e voltarão vencedores e como pessoas livres.

Ou do da morte, no qual um iniciado levava toda a sua riqueza, e peça a peça, era dela despojado, após o que era levado quase à morte, atraves de bebida mágica, e nesse estado se inteirava do caracter duplo da vida e da morte, do decurso infindável do padrão, onde a morte é apenas a continuação do ser natural por outras formas. Este ritual visava também o afastamento do medo da morte.

Em Beltane, dia do Solstício de Verão celebravam-se os seus casamentos, em redor de um tronco de arvore, tornado simbolo fálico para a ocasião. à sua roda dançavam as mulheres, antes que os homens de juntassem a elas e celebrassem. em orgia colectiva , a Fertilidade.
E porque a vida é mudança, os casados ficariam juntos enquanto ambos o quisessem. Os homens podiam ter várias mulheres. Bastava que em Beltane, depois de acordado entre eles, dançasse com a (nova) mulher, nos rituais colectivos e a levasse para sua casa, onde ficaria a viver.

O Solstício de Inverno - Samaine - era a estação dos começos

Vivendo em harmonia com as estações solares, os Celtas veneravam os seus druídas, conhecedores de magia, e estudiosos da energia do Universo, de que tudo faz parte, mesmo as almas dos mortos.

Os druídas usavam tonsura na cabeça para que o Sol aí deixasse a sua energia sem que o cabelo o impedisse. (tal como os nossos padres...)

Mas a vida dos Celtas iria mudar

Coriam boatos de que os Eduos eram aliados de Roma.
Os Eduos eram a tribo Gaulesa mais proxima dos territorios de Roma na Gália, ocupavam a Provence, nome que lhe vem de ter sido a 1ª Provincia romana na Gália.
O extremo sul da Gália, foi o primeiro território a ficar sob ocupação romana. Tudo o resto era a Galia livre.

Os Eduos, seduzidos pelo que o comércio com Roma lhes dava acesso, foram alterando o seu estilo de vida para os padrões romanos de prosperidade.

Este facto fez nascer facções discordantes, levaram-nos a lutas internas. Para melhor se equiparem para as lutas, até mesmo na tribo dos arvénios,os seduzidos por Roma, começaram a trocar cereais por guerreiros romanos.
É claro que todas as tribos tinham , na altura, mercadores romanos, como já tinham tido mercadores gregos, mas agora os éduos e os arvénios tinham soldados romanos.

Reuniram-se todas os druidas de todas as tribos: afirmavam uns que um povo que não venera a Natureza, que não é fiel ao padrão da Natureza, mas que deseja o seu controlo, é um povo cuja noção de ordem não se adequa à ordem celta ; a tribo do Lácio, (os romanos) é perigosa , partiram do Lácio e dominam agora tudo menos a Galia Livre, é preciso preparar-nos para os enfrentar, diziam outros; precisamos dos Romanos para o comércio, diziam outros, outros ainda acreditavam que eram suficientemente fortes para repelir qualquer ameaça militar, vinda dos habituados à vida mole, caso essa ameaça se verificasse.

Nantorus, rei dos Carnutos, acreditando no seu druida, que via a ameaça da cultura celta ser destruída, incumbiu-o de os proteger para que continuassem a ser um povo livre e Ainvar foi enviado para uma viagem ao mundo dos Romanos,

A caminho veio a saber que estalava a guerra na tribo dos arvénios e que o pai de Vercingetorix , candidato a futuro rei da tribo, e não apoiante dos Romanos, tinha sido assassinado, pelos que defendiam o comércio com Roma, dizia-se que a mando de Julio Cesar.

Indo ao encontro do amigo, encontrou Hanesa, um bardo que igualmente procurava Vercingetorix, porque acreditava num futuro heroi, tal como diziam as profecias, e como historiador queria estar proximo para o cantar e assim se tornar o bardo mais famoso da Galia.

Ainvar encontrou Vercingetorix e acabaram por ir juntos até às terras romanas.

No regresso, cada um na sua tribo, um como Druída, outro como carismático comandante de homens, levaram os seus a perceber a necessidade de se unirem as tribos contra o que tinham visto ser a estratégia de Cesar: aliar-se aos 2 mais poderosos da Gália - o rei dos arvénios e o juiz supremo dos eduos ( seduzidos pelos luxos romanos, cujo comercio trazia artigos dos lugares mais exóticos) , para que quando os gauleses entrassem em lutas internas, o que era previsível, algum chamasse o amigo romano, ou ainda, explorando a rivalidade entre gauleses e germânicos, sabendo que os germanicos estavam constantemente a querer forçar as fronteiras da Galia, aproveitar a 1ª ocasião, para se oferecer para combater do lado dos Gauleses, vindo atrás a "romanização", a ocupação.

Foi difícil unir as tribos celtas, mas o carisma de Vercingetorix e sobretudo o avanço das tropas de Cesar, derrotando , tribo a tribo, os Gauleses e apoderando-se das suas terras, levaram-nos a unir-se sob o comando de Vercingetorix.

Do tempo em que tinha estado na Provence recordava a disciplina das tropas romanas e tentou disciplinar o exercito. Se foi dificil unir as tribos, mais dificil ainda conseguir disciplina-los e ensina-los a não lutar por impulso e desordenadamente.
Com ajuda da magia e da manipulação da energia por parte dos druidas, com o talento e carisma de Vercingetorix que não acreditava em feitiçarias, formou-se um exercito que foi capaz de enfrentar Cesar, que foi capaz de derrotar os romanos em algumas batalhas.

Mas Cesar encontrou outra estrategia...
A principal arma de Cesar foi a incorporação de germanicos nas suas tropas. Impetuosos, tal como os gauleses, mas com furor assassino, conseguiam apavorar os gauleses.
Assim feria a dinamica de vitoria com que os Gauleses costumavam investir contra os romanos; depois de apavorados pelos germânicos, saía o exercito romano disciplinado e fresco e esmagava aqueles que não tinham debandado. Isto foi pelo menos o que aconteceu em Alesia, a batalha definitiva, a que significou a captura de Vercingetorix ... e os celtas foram romanizados.

E o que se conhece dos Celtas é o que os romanos sobre eles escreveram, ou o que foi sendo transmitido pela energia do universo e das arvores. Nada escreviam, nada construiam para alem das suas habitações ovais; eram Natureza e a sua civilização perdeu-se,
Mas, no solsticio de verão os druidas ainda se juntam em Chartres e em Stonehedge...