segunda-feira, 9 de março de 2009

Alexandre

Longe vai já a Guerra de Troia, o tempo mítico dos heróis, filhos dos deuses. Agora, comovida pela leitura de um livro sobre Alexandre, passado pois o tempo de construção da bela, e a meus olhos clara, civilização Grega, vivi atraves de um livro a aventura de Alexandre, o início do que se convencionou chamar a época helenistica, aquela em que o legado da Helade, (grecia), foi espalhado pelo mundo então conhecido.

Não sei ao certo se o que pretendia Alexandre era espalhar a cultura grega, como nos dizem no Liceu, penso que simplesmente o acabou por fazer, dado ter estado tanto tempo fora de casa com tantos milhares de macedónios.

Os Macedónios foram os conquistadores da Grécia já decadente, mas, fascinados com a sua cultura, levaram consigo o seu modo de vida.

O que sei é que Alexandre era um homem brilhante e superiormente inteligente. Extraordinário general, dominava os homens fazendo-se amar por eles, sabia como lhes alimentar, individualmente, a auto estima, e, colectivamente, como levá-los à disciplina, ao orgulho de si próprios, à glória ; como estratega, deveria ser excelente, dada a sua invencibilidade.

Mas o que o teria levado a sair de casa para a conquista da Asia não teria sido o desejo de espalhar a cultura grega.

A Macedónia da altura dominou a Grecia, pela mão de Filipe da Macedonia (pai de Alexandre).

A Alexandre vejo-o mais como um aventureiro, um conquistador, um jovem fascinado pelos herois homericos, sobretudo Aquiles. Um jovem que nunca pensou outra coisa senão imortalizar-se enquanto guerreiro. Acreditava ser protegido por Hercules (Heracles, segundo os gregos) e venerou a lenda da Aquiles e tornou-se, ainda com 18 anos, quando foi feito General, titulo obtido brilhantemente, ele proprio uma lenda viva .

Ainda não tinha 20 anos - brilhante e carismático, e como jovem, cheio de entusiasmo e Fé em conhecer tudo o que era mundo.

Achava, tal como todos na altura, que o Mediterraneo, o Mar do Meio, era o centro do mundo, conhecia-se a Ibéria, pelos mercadores Fenicios, sabia-se que a Ibéria terminava no Oceano. O Oceano era o Oceano envolvente, o que envolvia o Mundo, (E quando o encontraram , nas costas da Asia, ficaram surpreendidos por ele "desaparecer" e voltar a aparecer mais tarde, tendo sabido que o fazia 2 vezes ao dia. Um mistério, as marés...) A Leste, era a Índia o limite.

É claro que conheciam as sedas da China, mas achavam que a China ficava na India. Havia mercadores que vinham da China com os seus produtos, mas como vinham por terra, a ideia que se tinha era um pouco essa.

Ele queria conquistar, digamos conhecer,( - de tudo o que encontrava de novidade, no reino da natureza, enviava amostras a Aristóteles, seu professor) o mundo inteiro;

Brilhou no Império Persa, na India e no Egipto. Para mais a vida não chegou. Morreu com pouco mais de 30 anos.

O seu herói de adolescente era Ciro, rei da Persia. Queria fazer mais que ele. Na Persia ficou fascinado com uma civilização de um requinte a que na Helade não se estava acostumado. Pensadores na Persia não haveria,talvez, havia os astrologos e tudo o que precisasse de resposta estava escrito no céu, mas viviam num requintadíssimo luxo, que fazia dos Macedónios uns "barbaros".
Rendeu-se a esta cultura e casou e fez casar os seus oficiais com mulheres persas.

Ficou fascinado com o Egipto - onde foi deificado, no templo de Amon.

Ficou fascinado com a India, com os seus Sadus nus, vivendo de meditação, - levou um consigo, com quem muito falava e a quem honrou na vida e na morte.

Tanta coisa para fazer... dizia ao saber-se a morrer. Penso que era assim uma espécie de explorador, queria conhecer, queria ver o mundo inteiro.

A civilização grega não ficou com raízes em nenhum destes sítios. è claro que edificou cidades ( a 1ª Alexandronopolis fundou-a com 17 anos) , é claro que organizava Jogos de cariz grego para manter os homens ocupados, em tempos mais parados, mandando vir bons actores e artistas da Grecia, e fomentando o treino de diversas actividades físicas, com vista à competição.

As decisões no exército eram tomadas em Assembleia, a resolução dos conflitos também, tal como numa ágora gigante.

Mas os Persas, os Indianos e os Egipcios, mantiveram-se enquanto tal.
Aliás ele respeitou e admirou cada uma das civilizações, tornando-se até permeável às influências que mais o cativaram, não tenho notícia de que pretendesse helenizar.
Ele era Macedónio... E o fascínio e respeito que tinha pela cultura Grega, era o fascínio e respeito que tinha pela cultura Persa. Egipcia ou Indiana. Não sei porque é que no Liceu nos dizem isso...

É claro que estamos longe ainda do exército romano, mas o exército de Alexandre era também rápido, excelentemente organizado. o exército não eram apenas os combatentes ,eram também os não combatentes, que lhes faziam a comida e providenciavam os mantimentos. .

Mas, comparativamente com o exército persa - que levava atrás de si , quer o rei, quer os nobres, tudo aquilo que tinham e a que estavam habituados, desde o harém, até às jóias e que mantinham o meu estilo requintado de vida, o exercito de Alexandre era rápido e funcional.

A homosexualidade era coisa comum na Grécia e na Macedónia, fosse pelas mulheres fechadas no gineceu - tal como as persas no harem - ou não, o facto é que era comum.

Aquiles e Patrocolo eram amantes, Ulisses teve também o seu amante durante os 10 anos da guerra de troia, Na Macedonia, pelo menos o seu pai Filipe, tinha sempre um favorito. Na Persia, era igualmente frequente. Os reis, para além das mulheres do harém, tinham também os seus favoritos, homens, normalmente eunucos. Dario, aquele que fugiu de Alexandre, deixando atras, à mercê do inimigo, a mãe, mulher e filhas, tinha um favorito- Bagoas.

Alexandre teve em Hefestion, o amigo que com ele cresceu desde a infancia, o jovem que partilhou com ele a visita aos cadáveres dos 1ºs homens que matou, um companheiro de armas e o amigo intimo de todas as horas, o unico homem que o tratava lealmente de igual para igual, o único que tinha poder sobre ele, o amante. À sua morte, Alexandre "enlouqueceu". e sobreviveu-lhe 3 meses... (Com quem e para quem conquistaria o mundo?)

Mas se o sentimento forte entre os 2 me inspirou compreensão e respeito, a ligação de Bagoas, o eunuco persa, fez-me comover. Um sentimento puro de um requintado jovem, inteligente e extraordinariamente sensível, ( tal como Alexandre ele próprio) completa e devotadamente apaixonado, uma devoção total, constante para com Alexandre.

Depois da morte de Alexandre, verificou-se que afinal há homens insubstituíveis.
Nenhum foi suficiente forte para continuar o já feito, não havia quem tivesse o seu carisma, o seu fogo divino.
Havia homens valorosos, cada um quis para si o lugar cimeiro, mas há lugares que não são para quem quer, antes para quem pode. Nenhum o pode, e vigoraram as lutas intestinas, até à morte, raramente acidental, de todos.

2 comentários:

  1. Olá Mana é só para te dizer que dei uma vista de olhos pelo teu blog e vi os teus artigos e fiquei impressionado pela tua veia escrituristica...muito bem!

    Um abraço com amor e saudade!

    Teu irmão

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  2. Bom dia meu irmão.
    Obrigada.
    Sabes, isto é um exercício de memória, pois que, algum tempo após ler um livro já nada me lembro. Assim, de cada um que leio faço uma espécie de resumo.
    São coisas que me entretêem...
    Beijinhos para ti e para todos vós

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