segunda-feira, 16 de março de 2009

Roma

Acabo de ler um livro, no cenário da Roma pós-republicana, ou seja na Roma Imperial, pós morte de Augusto.

É um livro muito rico, mas não vou preocupar-me com a história de Roma, antes com pormenores que me prenderam a atenção.

O valor da vida.

Mais alto que o valor da vida, parece falar o valor da honra, da dignidade. O suicídio é frequente, pelo menos na nobreza romana, em homens e em mulheres, ou por doença, evitando a indignidade do sofrimento sem esperança, ou por antecipação ao anunciado assassinato, evitando a indignidade de demonstrar que não eram suficientemente corajosos para o fazer, entregando-se cobardemente nas mãos dos seus carrascos.

O assassínio.

É espantoso. Pelo menos nesta altura da historia de Roma.
Altura em que, assassinado, morreu Júlio Cesar, (E ele foi assassinado por, depois de ter provado ser um dos maiores generais da história, não pretender seguir o rumo republicano e defender um poder mais centralizado em si próprio para governar tamanho império).
Altura em que, assassinado, morreu Augusto ( este por razões menos ideológicas: foi assassinado por Lívia, sua mulher, que impedia assim que Augusto nomeasse como seu herdeiro o seu proprio filho e não Tibério, filho de Lívia)

Dado o mote por Lívia, nestes anos libertou-se uma qualquer fúria assassina. Não havendo um homem superior, nenhum chefe carismático como o foram Cesar ou Augusto, a luta pelo poder , não se restringiu às famílias mais poderosas, as que descendiam directamente de Julio Cesar/ Marco António/Augusto,mas igualmente a todos os que os apoiavam, e também a todo aquele que demonstrava ter hipóteses de lutar pelo poder.

Esta luta, fez digladiarem-se até à morte, através de envenenamentos e assassinatos politicos, fez perder todos os seus melhores membros, quer aqueles que estariam em condições de lutar pelo poder ou de a ele ascenderem dadas as suas origens, quer aos seus aliados.

Ficaram os loucos, os mediocres (como Caligula ou Claudio, este último assassinado por sua mulher, Agripina, que impedia assim que Claudio nomeasse como seu herdeiro o seu proprio filho e não Nero, filho de Agripina) o que não os impediu de ser imperadores, dado o sangue que lhes corria nas veias serem ou dos Cláudios ou dos Júlios .

Foi dramática, esta instituição de um regime tipo monárquico. Não era exactamente uma monarquia, porque, para além dos descendentes naturais, podia mudar-se de família atavés de adopções à la carte, de casamentos ou divórcios igualmente à la carte... As intrigas eram ferozes.

Inútil, portanto, a morte de Cesar...

Não foi instaurada a República e acabou, até à ultima gota de sangue, a raça de 2 famílias inteiras (Os Julios e os Cláudios) e seus aliados, ou seja, toda a Roma Antiga, aquela que fez e organizou o Imperio

A superstição.

É curioso. Alexandre, Júlio César, Vercingectorix ( apesar de Celta, apesar da cultura mística dos Druidas) não tenho conhecimento de serem supersticiosos, mas Augusto era e também o foram todos os Imperadores desta fase de "destruição".

A divindade.

Curiosa é também a noção de divindade. Augusto depois da sua morte foi divinizado, assim como hoje o Papa santifica alguém que se destaca pelos seus méritos, até aqui tudo bem,
Apresentava como mérito o Seculo de Augusto.

Mas Lívia, pediu para ser divinizada... Porque tinha cometido muitos crimes, na sua feroz luta pelo poder, e não queria sofrer os horrores do Inferno. Assim, como os deuses cometiam toda a espécie de crimes e eram imortais e livres de maiores tormentas, ela pediu para que o Senado a divinizasse... Só o desespero pode explicar isto. De uma mente superior, que o era, como poderia pensar que uma lei do Senado Romano teria efeitos no Além? É curioso. As pessoas acreditam no que querem, no que precisam.

A moda de divinizar imperadores, começou com Augusto e terminou com o fim do ultimo representante das famílias dos Claudios ou dos Julios, o que me sugere necessidade, por parte do Senado, de agradar aos representantes dessas famílias, afastando-se assim da possibilidade de fazer parte das listas dos "a abater"


As profecias do Messias.

Nos últimos anos do "reinado" de Augusto chegaram a Roma, através de Herodes, sobrinho de Herodes, o Grande, as notícias de que, segundo as profecias judaicas, o tempo era o da vinda de um Messias.

A primeira "vítima" foi Lívia : gostou de acreditar ser ela o Messias. A segunda foi Caligula, que levou mais longe a sua crença, exigindo de todos o reconhecimento da sua condição de Messias. A terceira foi o próprio Herodes, o sobrinho de Herodes o Grande, que, alimentado pela Fé de ser ele o Messias, lutou pela união da parte oriental do Imperio, que passaria a ficar unido segundo as leis judaicas, contra o poder de Roma.

Segundo escritos da família imperial, Antónia, filha de Marco António, e portanto herdeira dos reinos orientais do Império, soube que o procurador da Judeia, (os Judeus eram um povo intolerante e fanático), teve de aplicar o castigo maximo, a cruxificação, a "um pobre sedioso que fora apanhado nos meandros das intrigas politicas do Templo, do Sinédrio e nas lutas fratricidas entre Zelotas, Saduceus e Fariseus". Poncio Pilatos teria sido levado à execução do castigo, dado que os Judeus ameaçaram denunciá-lo a Roma caso o não fizesse

A tolerancia religiosa.

Os Romanos foram tolerantes para com os deuses Gregos, Egipcios, Germanos, Persas, etc, etc, todos eles de caracter semelhante aos seus proprios deuses, sendo até assimilados pela sua cultura.

A 1ª manifestação de intolerância foi, tanto quanto sei, face aos Druidas.
Foram proibidos, dada a influência que tinham sobre os Celtas/Gauleses, apelando à resistência aos invasores, em defesa do seu territorio e da sua forma de vida., resistindo à invasão, à submissão a Roma, à Romanização.

Quanto aos Judeus, a sua intolerancia, segundo este livro, deve-se ao caracter "estranho" do seu Deus , que tornava impossivel a sua compreensão pela mentalidade Romana, que lhes tornava impossivel a assimilação, quer da religião, quer dos preceitos de vida dos Judeus, os quais , do alto da sua Fé em ser o povo eleito, resistiam à Romanização.

Quanto aos Cristãos, que começaram a aparecer em Roma pelo reinado de Cláudio, eram tidos como uma seita fanática.
Porque, mais tarde, foram torturados os Cristãos e nunca foram torturados os Judeus, isso não sei, pois o periodo que o livro abrange não chega a esses tempos.


Retirado da Wikipédia, aqui está um texto que procura responder à questão:
O primeiro caso documentado de perseguição aos cristãos pelo Império Romano relaciona-se a Nero. Em 64, houve um grande incêndio em Roma, destruindo grandes partes da cidade e devastando economicamente a população romana. Nero, cuja sanidade já há muito tempo havia sido posta em questão, era o suspeito de ter intencionalmente ateado fogo. Em seus Annales, Tácito afirma que "para se ver livre do boato, Nero prendeu os culpados e infligiu as mais requintadas torturas em uma classe odiada por suas abominações, chamada cristãos pelo populacho"[1].
Ao associar os cristãos ao terrível incêndio, Nero aumentou ainda mais a suspeita pública já existente e, pode-se dizer, exacerbou as hostilidades contra eles por todo o Império Romano"


Só não responde ao porquê de , perante o povo romano, terem tão má fama os cristãos...

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