domingo, 11 de abril de 2010

Filipa de Lencastre

Filipa de Lencastre era Inglesa: neta e depois sobrinha do rei de Inglaterra

Conhecia a Corte.
Conviveu com guerras dentro e fora das fronteiras do seu país e com as intrigas palacianas das quais nunca estava ausente o adultério.
Nunca se identificou lá muito com os valores da Corte inglesa, tal como, aliás, John Wiclif que traduziu a Biblia para inglês com o intuito da aproximar as verdades reveladas de uma Corte e de um Clero que viviam de modo bem diverso.

Conheceu a revolta das camponeses, quando seu pai era regente, enquanto tio do futuro rei, ainda menor.
Para financiar a sua guerra com a França, decretara um imposto igual para todos e não conforme as posses de cada um, como até aí fora. Foi a gota final que fez transbordar a revolta e Filipa viu o seu Castelo de Windsor incendiado, os seus familiares perseguidos...


Esta revolta de camponeses foi importantíssima para a confirmação do poder do Parlamento: não mais o rei poderia prescindir da sua convocação quando pensasse em lançar novos impostos ou quando estivessem em jogo outras decisões importantes para o Reino.


Mas John Gaunt, assim se chamava o seu pai, tinha uma ambição de poder que nada detinha. E tentou outro trono. Casou com a filha do rei castelhano, cujo trono fora "usurpado", e assumiu-se como pretendente ao cargo de Rei de Castela.
E foi assim que invadiu a conquistou a Galiza.


Um pouco mais a Sul havia também um problema de sucessão.

Em Portugal tinha morrido D. Fernando, deixando apenas uma filha , D Beatriz, casada com o ocupante do trono de Castela.

Uma parte da nobreza, sobretudo a da região Norte, apoiava a regência da viúva de D Fernando - D. Leonor Teles - até ao momento em que o filho de D Beatriz atingisse a maioridade.

Mas, havia uma classe nascente - a burguesia - com interesses distintos.

Os burgueses de Lisboa, com o apoio de outra facção da nobreza menos vocacionada para alianças com Castela, defendiam a subida ao trono de um irmão de D. Fernando, melhor, meio-irmão, porque se tratava de um filho ilegítimo de D. Pedro.

Revoltou-se o povo e a revolução foi tão organizada ( financiada pela burguesia ) que D Leonor se assustou um bocado e pediu ajuda a Castela.
Não se fizeram rogados, os Castelhanos, e Lisboa viu-se cercada por terra e por rio. Foi um cerco e tanto, dele nos fica a Crónica do Cerco de Lisboa, de Fernão Lopes


Ora bem, os Castelhanos cercavam Lisboa, os Ingleses estavam na Galiza, o seu inimigo era comum e havia um Contrato, uma Aliança assinada há 10 anoa atrás, em 1373, entre Eduardo III (avô de Filipa) e D. Fernando.
Uma aliança que unia em cooperação 2 nações marítimas: Inglaterra e Portugal

Tal como 2 e 2 são 4. os burgueses de Lisboa , com alguma nobreza do Sul, ou seja, os apoiantes de D. João, pediram ajuda a quem, tal como eles, combatia os Castelhanos.

Com a ajuda dos Ingleses, com o génio militar de D. Nuno Alvares Pereira, com D. João, Mestre de Avis, no comando, o cerco à cidade foi rompido com sucesso e a Peste Negra no campo das Castelhanos deu o sinal definitivo de levantamento do cerco.

Os Castelhanos voltaram pouco depois, não lhes apetecia perder aquilo com que já sonhavam, e os exércitos encontraram-se em Aljubarrota.
Estavámos em 1385 e, com a ajuda dos ingleses e claro com o génio militar de D Nuno Alvares Pereira, a vitória dos Portugueses foi de tal ordem que D João acabaria por decidir levantar, ali mesmo, no Campo da Batalha, um Mosteiro dedicado a Santa Maria da Vitoria..

Para assinalar tal união de esforços, a filha de John Gaunt casou com D. João I , rei de Portugal.

E assim termina a crise de 1383-1385 e começa a Dinastia de Aviz., e Filipa torna-se Rainha de Portugal.

Era pouco dada à "vida de Corte", muito devota, Católica, Romana - em à parte referira-se que se estava em pleno Cisma do Ocidente,altura em que havia um Papa em Roma e outro em Avinhão - que o Papa de Avinhão era apoiado por Castela..., mas pronto, Filipa era muito devota, Católica Romana, e quis fazer da corte de Portugal um local onde as damas se ocupasem com trabalho produtivo. Ela própria dedicou-se à transformação de castelos, tornando-os mais confortáveis, e, quando teve filhos, educou todos, e não só o herdeiro à coroa, munindo-os dos melhores tutores que lhes deram todo o conhecimento disponível, criando na Corte, uma espécie de Academia.


Para além da sua assinatura no maior conforto dos aposentos, nas chaminés góticas do Paço da Rainha, em Sintra, assim chamado dada a sua preferência por aquele Paço, teve um relevante papel no desenvolvimento do comércio de Portugal com a Inglaterra.

Morreu, num Convento da região de Lisboa, com Peste, tal como sucedera a sua mãe.

Morreu em vésperas da partida de uma enorme armada que, levando o seu marido e os seus 3 filhos mais velhos, rumou ao Norte de Africa.

Não chegou a saber que Ceuta era possessão Portuguesa, mas antes de morrer armou cavaleiros os seus filhos que participavam da armada, dando a cada um uma espada, para que:
D Duarte protegesse os povos; D. Pedro, as damas, D Henrique , os nobres

Não chegou a saber que durante o reinado do seu filho mais velho D Duarte, Gil Eanes passou o Cabo Bojador

Não chegou a saber que D Pedro viajou pelo mundo, levando um recado do seu irmão D Henrique _ arranjar cartas de marear e narrativas de viagens de mercadores genoveses e venezianos e obter informações sobre o Prete João das Indias _ e que, na volta D Pedro lhe entregara o Livro de Marco Polo e um mapa mundi com o traçado das vias comerciais entre o Oriente e a Cristandade.

Não chegou a saber que D Duarte, apesar de ter sido um rei fraco, não esqueceu nem quem ajudara o seu pai a obter o trono, nem as palavras da sua mãe ao fazê-lo cavaleiro, e instaurou Cortes regulares com a presença dos 3 Estados: Nobreza, Clero e Burguesia.

Não chegou a saber que aos seus filhos, Camões chamou de "Inclita Geração", mas creio que foi uma Rainha Feliz

Os seus outros filhos, foram
D Isabel, que viria a casar com Filipe ,o Bom.
D Fernando, que viria a morrer em cativeiro, por não ter sido acordada a sua libertação em troca da devolução da cidade de Ceuta
D João

Como curiosidade, o filho ilegítimo de D. João I. D Afonso, foi o 1º Duque de Bragança, como o determinou seu pai ainda em vida

domingo, 4 de abril de 2010

Domingo de Páscoa

O fruto da época são as amendoas.
Mas decidimos apresentá-las com cores mimosas

Os doces são o Folar da Páscoa, cuja individualidade lhe vem de ter no seu seio um ovo
Há mais ovos: os de chocolate

E há os Ninhos da Páscoa
O símbolo é um coelhinho

A data? o 1º Domingo depois da 1ª Lua Cheia ocorrida após o Equinócio da Primavera

E tudo isto me surpreende... Ao fim de quase 21 séculos de Ressureições e Flagelações, nada apaga da memória colectiva dos povos que no Equinócio da Primavera se celebrava a Fertilidade