quinta-feira, 21 de maio de 2009

Catarina de Médicis

Em 1529 Florença estava sitiada, pelas forças de Carlos V e do Papa Clemente VII, com o objectivo de repor no poder os Medicis.

Catarina tinha 9 anos e foi com essa idade que a única herdeira dos Medicis, foi levada pelo Papa, seu tio,a renunciar a qualquer pretensão sobre Florença.

Florença seria o reino de Alexandre, filho do Papa; para ela o casamento com um dos filhos de Francisco I, de França.

Casando com Henrique, Catarina encontrou no sogro o pai que não tivera. Quis o destino que o herdeiro de Francisco I morresse, pelo que seria rei o seu 2º filho, Henrique, marido de Catarina.

Após 10 anos de casamento, Catarina consegiu engravidar e um herdeiro à coroa de França nasceu.

Foi-lhe dado o nome de Francisco, em homenagem ao avô, (que assistira ao parto). No total Catarina acabou tendo 8 filhos.

Em 1552, Henrique, rei de França, deixou o reino, rumo à fronteira com a Alemanha, para combater contra Carlos V que lhe ameaçava as fronteiras.

Catarina ficou como regente do reino. A campanha não correu bem aos franceses, que sofreram uma das mais graves derrotas da sua história.

Catarina e as suas damas de honor, todas vestidas de negro, pediram aos burgueses parisienses dinheiro para alimentar as tropas, para suster o inimigo que ameaçava Paris.

Face a um rei perdedor, cresceram em Paris grupos de oposição, devidamente apoiados, quer pela Inglaterra anglicana de Henrique VIII , quer pela Espanha católica, onde reinava agora Filipe II ( Carlos V abdicara em 1555), ambas cobiçando o territorio francês.

E assim nasce a luta entre catolicos e protestantes

Como estratégia de paz, Francisco, o seu filho mais velho casa com Maria Stuart, rainha da Escócia e a sua filha mais velha, Isabel, casa com Filipe II, agora viúvo da filha de D Manuel de Portugal.

Nas faustosas festas de casamento, apesar das dificuldades do reino, quis o destino que, numa justa, Henrique, o rei, encontrasse a morte.

Francisco e Maria Stuart eram agora os reis de França.

Mas Francisco II tinha 15 anos e intimidado pelas responsabilidades , declarou que o poder ficaria nas mãos da Rainha-Mãe

Se o poder estava fragilizado, mais ficou, até porque, dizia a lei, em caso de menoridade ou juventude do rei, cabia aos principes de sangue dirigir o reino.

Ora, os mais poderosos príncipes de sangue eram os Bourbons.E os seus mais directosa rivais eram os Lorena.

Com habilidade, Catarina deu mais poder aos Lorena, tios de Maria Stuart, para fragilizar o maior perigo, que vinha dos Bourbons.

A dívida francesa atingia 3 vezes e meia o valor das receitas e o povo estava atolhado de impostos, terreno fertil para as 2 facções pretendentes ao poder germinarem a sua luta.

Sob a bandeira do catolicismo, da luta contra a heresia protestante, ou sob a bandeira da pureza da religião contra a corrupção da religião catolica, as 2 facções provocaram guerras.

Habilmente, Catarina, separando a religião do Estado, legislou dizendo que nenhum protestante seria perseguido desde que não perturbasse a sociedade civil. Queria com isto retirar o pretexto religioso das investidas dos "protestantes" e dos católicos, com o intuito de defender o poder para a sua própria casa, para os seus filhos.

Para agravar, dentro dos Bourbons, havia catolicos, apoiados por Filipe II e protestantes, apoiados pela Inglaterra.
Um clima de guerrilha estava instalado

Para agravar mais ainda, Francisco II morreu, apenas 18 meses depois da morte do seu pai.

Sucedeu-lhe Carlos IX, o 2º filho de Catarina, que tinha 10 anos

É claro que era necessário ser alguém, para, enquanto o pais era dilacerado pelas 2 facções aspirantes ao poder, Catarina ter sido nomeada governante de França, durante a menoridade do rei.

Negociadora exímia, manipuladora também, não atacando nenhuma das facções em disputa, uma mulher contra as maiores potencias mundiais de então, acusada por ambos os lados de não ter uma politica clara, de apoiar a facção contraria, Catarina evitava a guerra civil e defendia o poder para os seus filhos.

E as tropas de ambos iam espalhando a rebelião, conseguindo o apoio da população atrás das bandeiras religiosas.

Era a guerra civil, e Catarina usava de toda a sua habilidade negocial para manter o reino unido, para o entregar ao seu filho, quando para isso tivesse idade...

Como o principal perigo vinha agora dos protestantes, que tomavam cidades apos cidades, pediu a protecção a Filipe II

Ela queria ir até às trincheiras estimular a coragem dos soldados que defendiam o terreno francês, já oferecido pelos protestantes à coroa inglesa, pelo que havia sério risco de Isabel de Inglaterra invadir a França, em apoio da facção protestante, para além de que as forças protestantes aguardavam igualmente a chegada de tropas alemãs - a Alemanha tinha também ambições sobre o território da França, e agora que via o poder na mão de uma mulher, viúva do rei a quem eles tinham derrotado...

Era necessário proclamar a maioridade de Carlos IX para que o poder fosse legitimado.

Contornou-se a lei e Carlos IX foi rei aos 13 anos.

Para fortalecer a autoridade do rei, Catarina decidiu viajar por todo o reino, com o rei seu filho, e todo um séquito de 10 a 15 mil pessoas, com móveis, roupas, loiças, os arquivos, o tesouro, tudo.

Substituindo os representantes locais das vilas mais problemáticas, estabeleceu o seu controlo nas mais remotas paragens.

Para pacificar o reino teve de dar benesses aos protestantes, chegando a negociar o casamento de Carlos IX com Isabel de Inglaterra.

Filipe II , através do embaixador em França, o duque de Alba, exegia que se proibisse o culto protestante, que se cumprisse o concílio de Trento, no qual a religião da reforma não era aceite.

Após os 2 anos da viagem, Catarina convocou as duas principais famílias, para negociar medidas urgentes, decorrentes das queixas ouvidas pelo reino fora.

Filipe II, e o duque de Alba, nada viam de bom na aceitação das duas famílias, na aceitação das duas religiões em França

Os defensores da Reforma, cometiam atrocidades contra os conventos. Os exércitos de Filipe II ameaçavam a França e Paris foi cercada pelos exercitos protestantes...

Catarina fez nomear o seu outro filho, Henrique, comandante militar das tropas do rei. Tinha como tarefa impedir que ao exercito protestante se unisse o alemão, que vinha em seu apoio.

Catarina negociou a paz com os protestantes o que irritou Filipe II que os queria derrotados

Em La Rochelle reuniam-se os protestantes apoiados por Isabel de Inglaterra, a situação agaravava-se cada vez mais, o que fez Catarina proibir a religião protestante, o que lhe mereceu a satisfação do Papa e de Filipe II, Mas as pilhagens e os massacres continuavam, foi então legislada a liberdade de consciência para os protestantes, mas eles queriam também liberdade de culto ...

Carlos IX, casado com Isabel da Austria, filha do imperador, atingia a maioridade, e queria apoiar os rebeldes protestantes dos Países Baixos, em revolta contra a tutela espanhola.

Estava em curso a negociação para a partilha desse territorio entre a França, a Inglaterra e a Alemanha., mas Catarina não queria lutar contra Filipe II e enquanto o rei dava apoio aos rebeldes protestantes dos Paises Baixos, chefiados por Guilherme de Orange, Catarina casava a sua filha Margarida, a rainha Margot com o protestante Henrique de Navarra.
No fio da navalha...

A guerra durava há 10 anos e nenhuma das facções desarmava, o clima era efervecente, mais massacres por parte dos protestantes faziam milhares de vítimas o que levou Catarina a responder duramente. Foi o massacre de S Bartolomeu, carnificina que deu prazer a Filipe II e levou o Papa a cunhar uma moeda celebrando a matança parisiense.

Em 1574 Carlos IX morre vitima de tuberculose., ascende ao trono de França outro filho de Catarina, Henrique, o comandante militar, o seu preferido.

A luta pela posse do trono francês tem agora outros contornos. Henrique III é maior de idade e, contrariamente aos seus irmãos falecidos, de personalidade forte.

Assim, os rebeldes protestantes juntaram-se ao seu irmão Francisco, explorando a rivalidade entre os dois, e obtendo para a sua causa um dos filhos de Catarina. Catarina deu ao filho rebelde uma base financeira que fazia dele um 2º rei, a ver se o calava... E a paz foi estabelecida.

Henrique III, o rei, decidiu então proclamar-se chefe das diferentes ligas de defesa do catolicismo que apareciam por toda a França. Fundiu-as numa só Liga Católica.

Catarina opôs-se. Sabia que isso acicataria mais os rebeldes protestantes, agora com mais apoios que nunca, e que o rei, em tais circunstâncias, tinha de ser rei de todos os franceses e não o representante de uma religião.

Efectivamente uma aliança se formou contra o rei, e Henrique III , sentindo-se incapaz de resolver o problema que tinha criado, caiu numa fase mistica.

De novo o seu irmão Francisco engrossou as hostes protestantes.

A talentosa negociadora que era Catarina, agora com o rei entregue as suas devoções, pôs-se a caminho, apesar dos seus 60 anos, por novo périplo pelo reino, No entanto as provincias do sul, maioritariamente catolicas mantinham-se fieis a Madrid e as provincias do Norte, agora unidas, seguiam Calvino, com o apoio da Inglaterra.

Pretendendo evitar que o seu filho Francisco continuasse a ser bandeira dos rebeldes protestantes, Catarina, sabendo da ambição do filho, bem como da fragilidade mística de Henrique III, procurou para Francisco um reino a ver se o acalmava e assim debelar a rivalidade entre os dois irmãos, tão bem explorada pelos pretendentes ao trono de França, que cada vez tinham mais apoio popular, para além do apoio protestante.

Apresentou a candidatura de Francisco à coroa da Holanda, à coroa de Portugal, pela morte de D Sebastião, todas elas fracassadas.

Mas Francisco morreu, vitima de tuberculose. Dos seus 10 filhos, apenas sobreviviam Henrique e Margarida.

Não tendo Henrique descendentes, quando morresse o trono pertenceria a Henrique de Navarra, casado com Margarida.

Saía assim o poder das mãos da família Valois, objectivo porque tão duramente tinha lutado...

Navarra, representando a corrente e os interesses protestantes dava voz à contestação à decisão de Henrique, que tinha criado a Santa União das Ligas Católicas, agora sob a batuta dos Bourbons, aliados a Filipe II, à data também I de Portugal.

A Santa União das Ligas era a união de todos os católicos que assim se precavinham contra a possibillidade de lhes fugir o trono de França para Henrique de Navarra , marido de Margarida

Esta aliança daria frutos - a Invencivel Armada -, que Filipe II fez deslocar para a Inglaterra herética, após a execução de Maria Stuart, teve nos portos franceses todo o apoio.

Em 1589 morre Catarina, que para além de mãe de reis, foi mãe do estado, considerada por todos os grandes chefes da Europa e, no dizer de alguns, foi o único homem da família

Henrique III foi assassinado pelos Bourbons, tendo no entanto subido ao trono não os católicos Bourbons, mas o protestante Henrique de Navarra, sob o nome de Henrique IV, que, para tal, se converteu ao Catolicismo, tendo ficado célebre a sua frase de que "Paris vale bem um terço"

A Henrique IV viria a suceder Luis XIII, seu filho e pai de Luis XIV, o Rei Sol

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