segunda-feira, 25 de maio de 2009

D João II

D João II, o Principe Perfeito.

Isto dito assim, fazia surgir, na minha cabeça de mulher, uma imagem perfeita
Mais tarde, através de um livro sobre a Renascença Portuguesa/ Duarte Pacheco, fixei a imagem de um João II ainda mais perfeito.

A qualquer hora do dia ou da noite, tinham os navegadores, não só autorização, mas o dever de se apresentar perante ele, mesmo que ainda sem o banho tomado, com o sal ainda nos cabelos e nas vestes, dando conta do visto.

E eram as largas mesas cobertas de mapas, à volta da qual cartografos, geografos e navegadores se reuniam, refazendo os mapas antigos que afinal, se verificava então, não correspondiam à ciência de experiência feita, e eram os calculos sobre longitude e latitude, altura do Sol... Era mais que perfeito...

Neste livro, um D João II, aquele que é o Principe Perfeito, morre (e ao seu funeral não foi nem a sua mulher nem o seu herdeiro D Manuel) e morre envenenado. E já fora envenenado anteriormente, tendo sobrevivido; um D João II a quem os principais do reino tentaram repetidamente emboscar para matar; um João II que mata pelas próprias mãos o Duque de Viseu, depos de ter levado ao cadafalso o Duque de Bragança
Que estranha revolução na minha cabeça.

Começemos na Inclita Geração!
D Duarte é o sucessor de D.João I, o de Boa Memória, ( que por associado a Aljubarrota e a Fernão Lopes, à inglesa Filipa de Lencastre, mas sobretudo à ascensão ao poder de uma facção mais "popular", (dinastia de Aviz) é dos meus preferidos)

D Duarte era uma personalidade fraca, mais bem sucedido a escrever que a governar. Apaixonado pela sua mulher ! Helas! motivou nas cabeças dos nobres a tentação de envenenamento da rainha, dada a influência que sobre ele tinha, dado passar com ela mais tempo que nos negócios do reino. Quis o acaso, segundo uns, ou talvez não tão casual, segundo outros, que D Duarte morresse de Peste.

Nunca tinha ouvido falar de um rei morrer de Peste... Eles teem castelos por todo o lado e deslocam-se para um quando a peste ataca a zona do outro, para além de que vivem em limpeza e rodeados de "físicos"...

Bom , dizem que morreu de Peste. E que fez ele? Testamentou dizendo que, se acaso morresse antes dos filhos terem idade de governar, a regência cabia à sua mulher
Oh! Uma mulher a mandar na grande nobreza! Ainda por cima Castelhana! Enfim, de Aragão,,,, Leonor de Aragão.

E foi um ror de intrigas e guerras. O cabeçilha? D Pedro, irmão de D Duarte, agora falecido, a quem não respeitou a ultima vontade e lutava pelo trono. Tinha do seu lado o Duque de Bragança, filho bastardo de D João I, seu meio irmão, portanto. Bem apoiado, e uns tantos litros de sangue depois, conseguiu a regência.

Foi já depos de D.Afonso V, filho de D Duarte e de Leonor de Aragão, ser rei que terminou esta luta.

Terminou com a morte de D Pedro na batalha de Alfarrobeira. e os senhores feudais ficaram contentes, pois , contrariamente a D Pedro, D Afonso V era fraco e por eles controlado.
Não o controlavam tanto afinal, pelo menos não tanto quanto desejavam...

D Afonso V, tal como seu pai D, Duarte, estava apaixonado pela rainha sua mulher, que era D. Isabel, filha de D. Pedro.
Para que toda a influência sobre o rei fosse da alta nobreza feudal, morreu Isabel, envenenada, ficando assim aquele que seria D. João II, orfão de mãe.

De personalidade forte, o Principe João governou quer o reino quer o rei, D Afonso V, seu pai, fazendo recair sobre si a revolta dos nobres, tão bem tratados por D Afonso V...

Mas, como pôde ele governar o rei seu pai?
É preciso ir a Castela para apanhar a historia.

Uma filha de D Duarte casou com Henrique de Castela, que era impotente e homosexual, mas, enquanto casada com Henrique, a fiha de D. Duarte teve uma filha, D Joana.

Intrigas são intrigas em todo o lado, o poder é delas fomentador em todo o sítio. Logo facções de levantaram, vendo boa hipótese de chegar ao poder, convindo-lhes defender que uma bastarda não poderia ser rainha. A facção pretendente era a de Fernando de Castela, que viria a casar com Isabel de Aragão,

D Afonso V, enquanto tio da"bastarda" aspirou ao trono de Castela, gostou da ideia de se chamar rei de Portugal, de Castela, de Leão e dos Algarves de aquém e de além-mar em Africa, e lá foi lutar para terras de Espanha.

O Principe João ficava com regente
A guerra veio a acabar, anos depois, numa batalha para a qual D Afonso V pediu a ajuda do seu filho, o Principe D João.
Essa batalha foi confusa, D. Afonso V fugiu do campo de batalha , as tropas comandadas pelo Principe foram vitoriosas. Para o Principe João, o caso era de negociar com os Reis catolicos a paz, até porque outros valores se levantavam: Portugal e Espanha navegavam e descobriam mundo...

(No séquito de D. Joana de Castela, havia uma Ana de Mendonça, uma beldade de olhos verdes por quem o Principe João se apaixonou.)

Mas, humilhado, D Afonso V quis desforra.
Foi em pessoa, ele o rei de Portugal, a França, à corte de Luis , o Piedoso, pedir apoios, o Principe ficava como regente, afinal tinha mais queda para o governo que o proprio rei, e para as armas também...

O rei Luis recebeu-o muito bem, deu-lhe 50 000 escudos para se divertir com as damas, só que em matéria de substância, traiu-o.
Desiludido, Afonso V escreve ao seu filho, dizendo para se fazer coroar rei, que ele vai para Jerusalem meter-se num convento.
Percebendo a grande desorientação de seu pai, fê-lo voltar ao reino, acertando que o trono lhe cabia a ele, Afonso V.

Só que de governo percebia João, e mais agora com a experiencia obtida, pelo que embora o rei fosse D Afonso V, quem de facto governava era o Principe D João.

E de humilhação em humilhação, entrou D Afonso V numa grande merencoria
Com a morte de D Afonso V, subiu ao trono, pela 2ª vez, desta definitivamente, D João II.

É claro que continuaria a pôr na ordem os senhores feudais e a alta nobreza, mas agora em estilo. A cerimónia foi simbolica: todos lhe prestaram juramento de modo a que deixou de haver um nobre mais nobre que o outro, rompeu-se a escala feudal.
Todos deram ao rei tudo o que lhes pertencia, cabendo-lhe a ele devolver o que achasse de bom senso, contriando assim as benesses perdularias de seu pai.

Todos obedecem ao rei, que tem direito de impôr justiça até mesmo dentro dos feudos, o que muito agradava às gentes, vitimas das prepotencias dos senhores feudais, o que levava também às conspirações , por parte da nobreza, para o matarem.

O Duque de Viseu foi morto pelas suas proprias mãos, por pretender matá-lo, não só ao rei, mas também ao filho que tinha de D Leonor, a rainha - filho que se chamava Afonso.

Ana de Mendonça e o flho que dela teve - Jorge, foram sempre bem protegidos a fim de evitar o risco das suas vidas

O seu filho Afonso não lhe sucedeu pois que morreu de uma queda de cavalo, mas o seu pai, homem forte, a quem Isabel de Aragão chamava O Homem, também não se entusiasmava muito com o facto de ele lhe suceder, dado o seu caracter mais fraco.

Desde cedo viu em Manuel, irmão da rainha D Leonor, sua mulher, um herdeiro à altura, pelo que testamentou nesse sentido;

no entanto, após a morte do seu filho Afonso, morte trágica, enquanto ainda se comemorava o seu próprio casamento com a filha dos Reis Católicos, casamento que proporcionou a D João II tanta felicidade, casamento de conto de fadas, que durante meses encheu de luxo jamais visto, festas, danças e gloria todo o reino, com outros olhos olhou para o seu filho Jorge, tendo requerido ao Papa a sua legitimação, o que foi concedido

A partir de então foi o divórcio efectivo com a rainha, razão então de não estar ela nem D Manuel no seu funeral, e razão do envenenamento

Antes de morrer D João II, já as caravelas eram substituidas por naus, dado que o mar junto ao Cabo da Boa Esperança, já dobrado, era mais feroz, e era feita uma entrega, em Tavira, a Vasco da Gama de mil quintais de biscoito, a alimentação dos navegadores;

Mas tal quantidade era inaudita, grande viagem se preparava...
É que, dobrado o Cabo, mandara o rei por terra uns emissários, até ao Egipto, para confirmar, por mais uma via, se tudo era conforme ao desejado: se subindo a Costa, depois de dobrado o Cabo se poderia atingir o Egipto, a India, e as novas vieram, e era preciso preparar tal viagem.

Antes de morrer assinou o Tratado das Tordesilhas, tratado em que se dividiu o mundo entre Castela e Portugal.

A assinatura deste tratado ocorreu após a descoberta da India por Colombo, que afinal era a America, o que levava à necessidade de regular a navegação, entre as duas potências.

O tratado teve redacção precisa ,ciente já o rei portugues, da existência do Brasil, para salvaguardar o Brasil como possessão portuguesa.

Com a conquista de Al-Andaluz pelos Reis Catolicos, os Judeus, daí escorraçados de Espanha pela Inquisição. Foram aceites por D João II, que disso tirou lucro financeiro e vidas humanas para povoar as terras desertas de S Tomé



Lembro-me de me terem dito na instrução primária que o D. João II obtivera o seu cognome de Principe Perfeito por ter governado enquanto Principe, enquanto o pai ia para Africa, grande conquistador O Africano, conquistar Arzila e Tanger
Nada disso. A Africa, acompanhando o pai, foi também D João.
Aliás, na volta dos dois foi decidida a ida para o convento de D Joana (filha de D Afonso V, irmã de D João) e foi decapitado o seu amante, que se recusara a incorporar as hostes portuguesas, via-se agora, com o objectivo de mais livremente se dedicar à amada. Só que exagerou, pelos vistos.Foi apanhado.

Havia uma nascente de agua quente (calda) que era considerada milagrosa e da qual a rainha D Leonor beneficou. Aí construiu um Hospital - o Hospital das Caldas da Rainha

Quanto a D João II, ele próprio mandou construir o Hospital de Todos os Santos em Lisboa.

A Ilha do Principe deve o seu nome a ter sido descoberta no dia em que nasceu o principe Afonso, o herdeiro
A Ilha de S Tomé ao facto de "ser preciso ver para crer" em tamanha fertilidade de plantas e animais. era deserta de homens
Há igualmente um padrão de S Jorge, no Rio do Infante, colocado por Diogo Cão, em homenagem ao seu outro filho com Ana de Medonça

Depois dele, D Manuel propôs o seu proprio casamento com D Isabel, viúva do principe herdeiro falecido, D. Afonso. (aquele que morreu de uma queda de cavalo, durante as festividades do seu casamento)

Para este casamento uma clausula foi imposta pelos Reis católicos, que expulsasse os Judeus de Portugal, o que eles tinham feito em Espanha ( D João II tinha-os recebido)

D. Manuel aceitou e casou com D Isabel. Que veio a morrer.
Pela morte de Isabel, casou D Manuel com a irmã da falecida , a princesa Maria
Falecida esta, e por ter chegado a Portugal a infanta Leonor, irmã de Carlos V, que vinha casar-se com o principe herdeiro D João III, decidiu D Manuel casar ele proprio com ela

Seria este desgosto que motivou a disposição de João III para a instauração da Inquisição em Portugal?

D Manuel vivia da riqueza que lhe chegava de além mar ... e o povo queria ir enriquecer nas Indias, mais que cultivar os campos.
Havia fome no pais mais rico do mundo e desleixo no controlo da riqueza, que parecia inesgotável.
Muito do dinheiro servia para importar pão, a fome era tanta que D. Manuel aumentou os impostos... e as outras potências europeias não descuraram a luta pela posse das riquezas que ao mundo ocidental se ofereciam...
A D João III, seguir-se-lhe-ia o seu filho D Sebastião que, como o imperio era vasto e de dificil governo, para além da competição europeia pelo dominio dos mares, decidiu que o objectivo principal era fazer cruzada contra os mouros no Norte de Africa...

Sem comentários:

Enviar um comentário